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Josiane Codental

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Tratamentos odontológicos

Medicação intracanal: saiba tudo sobre seu uso

Medicação intracanal

A medicação intracanal consiste na aplicação de medicamentos no interior do canal dentário por um tempo determinado. Conforme o Protocolo de Atenção à Saúde do Governo do Distrito Federal, a aplicação de medicação intracanal é um procedimento incluso no tratamento de endodontia. O procedimento pretende impedir infecções e diminuir o exsudato no local. Isso ocorre, pois a aplicação da medicação realiza a eliminação de microrganismos que possam se desenvolver na polpa dos dentes.

Em uma condição livre de anormalidades, o esmalte e o cemento do dente são responsáveis por protegê-lo do ataque de microorganismos. Contudo, algumas situações podem levar à perda destes protetores, expondo as estruturas do dente. A partir daí, este torna-se um local com potencial para o desenvolvimento de um processo infeccioso. Por mais que uma patologia endodôntica possa surgir por vários fatores, os microrganismos são as causas mais comuns. Nestes casos, aqueles presentes em cáries ou canal infectado agridem constantemente a polpa do dente. 

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Pesquisadores registram mais de 700 espécies de microrganismos que colonizam a cavidade bucal. Portanto, é de fundamental importância que o dentista realize, quando necessário, o procedimento da aplicação de medicação intracanal.

Tipos de medicação intracanal

Diversos medicamentos podem ser utilizados para impedir a multiplicação bacteriana na polpa dentária.

  • Paramonoclorofenol canorado (PMCC): agentes potentes que podem ser usados por contato direto ou liberação de vapor, mas que têm seu uso contestado diante da possibilidade de ocasionar reações citotóxicas;
  • Aldeídos: compostos que possuem carbonila e agem por ação direta ou liberação de calor;
  • Halógenos: substâncias que apresentam cloro ou iodo;
  • Corticoides: produzidos a partir do hormônio cortisol, são eficazes para a redução do processo inflamatório;
  • Antibióticos: mesmo sendo eficazes na eliminação de microrganismos, o profissional da odontologia não os utiliza com frequência dado o risco de sensibilização do paciente e de resistência bacteriana;
  • Clorexidina: substância com poder bactericida;
  • Própolis: produto obtido pelas abelhas que desempenha diversas funções;
  • Hidróxido de cálcio: produto alcalino pouco solúvel em água.

Hidróxido de cálcio

O hidróxido de cálcio, de fórmula molecular Ca(OH)2, é também conhecido como cal hidratada e apresenta diversas funções para o tratamento endodôntico. Por isso, é muito comum que o composto alcalino seja utilizado na prática clínica dos dentistas. Umas das funções observadas são:

  • Indutor do processo de mineralização: quando há uma perda na mineralização do tecido ósseo, o hidróxido de cálcio pode agir induzindo a remineralização, que naturalmente protege as estruturas dentárias;
  • Ação anti-inflamatória: estudos recentes sugerem que o hidróxido de cálcio consegue modular o processo inflamatório. No entanto, deve-se destacar que ainda não se tem certeza quanto ao mecanismo de ação;
  • Ação antimicrobiana: a característica alcalina do hidróxido de cálcio é responsável pelo aumento do pH do meio, o que desfavorece a sobrevivência de muitos microorganismos que não suportam o meio básico. Isso acontece, pois a mudança do pH acarreta destruição da membrana plasmática e na inativação de enzimas. 

O dentista deve aplicar o hidróxido de cálcio junto a um veículo. Para escolher tal substância, deve se atentar a melhor opção para cada caso, como, por exemplo, a velocidade desejada para a dissociação dos íons.

Os veículos podem ser:

  • Inertes: não adicionam propriedades ao hidróxido de cálcio. Como exemplos deste tem-se a água destilada e o soro fisiológico;
  • Biologicamente ativos: além de serem os veículos para a aplicação, influenciam positivamente nos efeitos do mineral. Dentre estes pode-se destacar o paramonoclorofenol canforado, clorexidina, iodeto de potássio, cresatina e tricresol formalina;
  • Hidrossolúveis: substâncias miscíveis em água que podem se dividir em hidrossolúveis aquosos (dissociação rápida dos íons, permitindo assim maior difusão e, consequentemente, maior ação) e hidrossolúveis viscosos (embora solúveis em água, tornam a dissociação do HC mais lenta);
  • Oleosos: substâncias pouco solúveis em água, gerando uma baixa solubilidade e difusão junto aos tecidos.

Necropulpectomia – polpa morta

Diversos são os fatores que podem ocasionar a morte da polpa dentária, seja trauma, restaurações profundas, cáries ou infecções por microrganismos. No caso onde a polpa dentária está morta, há a necessidade de um tratamento para a sua retirada e posterior desinfecção da área. Portanto, nestes casos, o medicamento a ser aplicado pode ser o hidróxido de cálcio associado a um veículo a ser escolhido pelo profissional diante da individualidade do caso.

Biopulpectomia – polpa viva

A biopulpectomia consiste no dente cuja polpa está inflamada, porém, se mantém viva. Logo, o tratamento consiste na retirada apenas da porção danificada da polpa dentária. Depois da retirada, torna-se necessária a aplicação de medicação para evitar o desenvolvimento de microrganismos remanescentes na região. Assim, nestes casos, os medicamentos mais indicados são os anti-inflamatórios associados a antimicrobianos. São exemplos a hidrocortisona (Otosporin), prednisolona (Rifocort) e dexametasona (NDP formula & ação).

Quando aplicar a medicação intracanal?

O profissional da odontologia pode cogitar a realização da medicação intracanal quando o preparo mecânico-químico do sistema de canais não é capaz, sozinho, de eliminar os microrganismos presentes no local. Assim, a aplicação pode ser feita quando se deseja:

  • Fazer barreira físico-química contra reinfecção pela saliva;
  • Diminuir infecção periapical;
  • Controlar exsudato.

Além disso, este método apresenta diversos fatores vistos como favoráveis ao seu uso como uma baixa taxa de alergias, eficácia em um amplo espectro e facilidade de manipulação.

Protocolo de medicação intracanal

A técnica utilizada para a aplicação da medicação intracanal constitui de alguns passos importantes.

Primeiramente, durante a anamnese ou tratamento, deve ser feita uma radiografia do paciente a fim de diagnosticá-lo. Caso a polpa dentária do paciente esteja inflamada ou necrosada, deve-se indicar a realização do procedimento de retirada do tecido danificado e aplicar a medicação intracanal. Assim, no momento do procedimento, o profissional deve realizar a secagem do canal radicular, que deve ser feito por meio de cânulas de aspiração. Depois disso, o profissional deve realizar a aplicação do produto. No caso dos medicamentos líquidos, este deve ser feito com o auxílio de uma seringa, desprezando a primeira gota do medicamento.

O protocolo da medicação intracanal vai variar conforme o estado da polpa dentária.

Para os casos de biopulpectomia, um tratamento de sessão única pode conseguir desinflamar e prevenir sintomatologia de dor. Uma opção é utilizar medicamentos como Decadron e Otosporin, sendo ambos uma associação entre antibiótico e anti-inflamatório.

Uso da medicação

A medicação intracanal apresenta diversas vantagens para a prática no consultório odontológico. Portanto, diante da diversidade de produtos a serem usados e veículos para modular a resposta dos agentes, o tratamento pode ser realizado consoante as necessidades do paciente.

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