O cimento odontológico é um dos materiais mais versáteis e indispensáveis na prática clínica diária do dentista. Presente em procedimentos restauradores, protéticos e até ortodônticos, ele desempenha funções fundamentais como fixação, vedação e proteção da estrutura dentária.
Neste artigo, você vai entender os diferentes tipos de cimento odontológico, suas indicações, vantagens e desvantagens, comparativo entre as marcas e valores atualizados no mercado. Confira!

O que é o cimento odontológico?
O cimento odontológico é um material utilizado na Odontologia com a finalidade principal de promover adesão entre estruturas — como coroas, pinos, facetas ou bandas ortodônticas — e o dente. Portanto, dependendo do tipo, o cimento também pode oferecer propriedades como liberação de flúor, biocompatibilidade, resistência à umidade, estética e fácil manipulação.
Principais indicações clínicas
Os cimentos são utilizados em diversas áreas da odontologia, com aplicações que incluem:
- Cimentação de restaurações indiretas (metálicas ou cerâmicas);
- Cimentação de pinos intra-radiculares;
- Cimentação provisória de restaurações;
- Vedamento de condutos radiculares;
- Fixação de bandas ortodônticas;
- Base ou forramento cavitário.
Classificação dos cimentos odontológicos
Os cimentos odontológicos são classificados em cinco formas. Sendo assim, é papel do dentista conhece-las!
1. Cimento de Fosfato de Zinco
É um dos mais antigos e ainda hoje amplamente utilizado devido à sua boa resistência à compressão. Apesar de não apresentar adesão química ao dente e ter alta acidez inicial, continua sendo uma escolha econômica e eficaz para cimentação de coroas metálicas e restaurações provisórias.
2. Cimento de Policabóxilato
Este tipo foi um dos primeiros a apresentar adesão química ao esmalte e à dentina. Embora sua resistência seja inferior ao fosfato de zinco, compensa com maior biocompatibilidade e menor irritação pulpar. Dessa maneira, indica-se principalmente para cimentação de coroas metálicas e provisórios.
3. Cimento de Ionômero de Vidro (CIV)
Reconhecido por sua adesão química aos tecidos dentais e liberação contínua de flúor, o CIV é uma excelente opção em situações que exigem efeito anticariogênico e proteção pulpar. Sendo assim, recomenda-se seu uso para cimentação de restaurações indiretas, bandas ortodônticas e como base cavitária, apesar de ser sensível à umidade durante a presa inicial.
4. Cimento de Ionômero de Vidro Modificado por Resina (CIVMR)
Esta versão aprimorada do CIV apresenta maior resistência mecânica e menor sensibilidade à umidade. Além disso, mantém as vantagens do ionômero convencional, como a liberação de flúor e adesão química. Todavia, utiliza-se amplamente na cimentação de peças protéticas, especialmente em zircônia ou metais, mas pode não ser a melhor escolha para cerâmicas estéticas devido à possibilidade de expansão higroscópica.
5. Cimento Resinoso
É o material mais moderno e completo, oferecendo estética superior, adesividade excelente e altíssima resistência mecânica. Portanto, é especialmente indicado para cimentação de cerâmicas estéticas, como dissilicato de lítio, facetas, onlays, inlays e pinos de fibra de vidro. Apesar do alto custo e da técnica operatória mais exigente, é o cimento de escolha quando se busca longevidade e estética.
Comparação dos cimentos
Ao comparar os diferentes tipos de cimento odontológico, observamos que o cimento de fosfato de zinco possui alta resistência, porém não oferece adesão química ao dente e sua estética é limitada. Sendo assim, é mais indicado em casos em que a retenção é predominantemente mecânica e o custo precisa ser baixo.
Já o cimento de policabóxilato tem resistência média, com adesão química moderada, mas ainda com estética restrita. A grande vantagem é a boa biocompatibilidade, sendo uma opção mais segura para pacientes com maior sensibilidade pulpar.
O cimento de ionômero de vidro (CIV) apresenta resistência intermediária, boa adesão e liberação contínua de flúor, o que o torna ideal para casos que exigem efeito anticariogênico. Sendo assim, sua estética é aceitável, mas ainda longe dos cimentos resinosos.
O CIV modificado por resina (CIVMR) surge como um intermediário entre os ionômeros convencionais e os cimentos resinosos, combinando alta resistência, boa adesão, liberação de flúor e maior tolerância à umidade. Sua estética é satisfatória para peças menos translúcidas, como próteses de zircônia.
Por fim, o cimento resinoso lidera em praticamente todos os critérios: possui altíssima resistência, adesão superior aos tecidos dentários e às cerâmicas, além de excelente estética, especialmente quando utilizado com sistemas adesivos compatíveis e técnicas indiretas. Todavia, apesar de ser o mais caro, sua performance clínica justifica o investimento em muitos casos.
Principais marcas de cimento odontológico
Atualmente, o mercado oferece diversas marcas confiáveis. Abaixo, listamos algumas das mais utilizadas no Brasil e no mundo:
Cimentos Resinosos
- RelyX Ultimate (3M ESPE) – Excelente estética e adesão. Ideal para cerâmicas estéticas.
- Panavia V5 (Kuraray) – Um dos cimentos mais confiáveis do mundo, especialmente em zircônia.
- Variolink Esthetic (Ivoclar Vivadent) – Indicado para restaurações cerâmicas, ótima estética.
- Cement-Post DC (FGM) – Custo-benefício nacional, bom para pinos e cerâmicas.
CIV e CIVMR
- Ketac Cem (3M ESPE) – Clássico entre os CIVs.
- Fuji I e Fuji Plus (GC America) – Reconhecidos mundialmente pela qualidade e longevidade.
- Ionoseal (VOCO) – Ideal para forramentos, base cavitária e selamento.
Cimentos Provisórios
- Temp Bond (Kerr) – Um dos mais usados mundialmente.
- RelyX Temp NE (3M) – Sem eugenol, ideal para provisórios em preparos adesivos.
Valores médios dos cimentos odontológicos
Os preços variam conforme a marca, tipo de cimento e embalagem. Para referência, os cimentos resinosos como o RelyX Ultimate e o Panavia V5 custam entre R$ 450 a R$ 700. Já os CIVMR como o Fuji Plus ficam na faixa de R$ 250 a R$ 400. Os cimentos provisórios, como o Temp Bond, custam entre R$ 120 a R$ 200, enquanto os mais simples, como o fosfato de zinco, podem ser encontrados por R$ 60 a R$ 120.
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Como escolher o cimento ideal?
A escolha do cimento deve levar em conta os seguintes fatores:
- Tipo de substrato (metal, cerâmica, zircônia, dente);
- Estética exigida (translucidez e cor);
- Necessidade de adesão (alta retenção ou não);
- Tempo clínico disponível;
- Compatibilidade com o adesivo e o sistema restaurador;
- Experiência do profissional com o material.
Portanto, o cimento odontológico é muito mais do que apenas um “fixador” de restaurações — ele influencia diretamente na longevidade, sucesso clínico e estética dos tratamentos. Com o avanço dos materiais, é possível selecionar o cimento mais adequado para cada situação clínica, equilibrando custo, resistência, estética e facilidade de uso.
Investir tempo no estudo dos tipos de cimento e suas indicações é essencial para todo dentista que busca oferecer tratamentos de excelência.