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Josiane Codental

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Tratamentos odontológicos

Botox no tratamento do bruxismo: guia completo!

Botox no tratamento do bruxismo

Publicado por

Anderson

Se tem um tema que aparece cada vez mais nas conversas entre dentistas é o uso do botox no tratamento do bruxismo. Não é à toa. A gente vê no dia a dia do consultório como esse distúrbio pode comprometer a saúde bucal e a qualidade de vida dos pacientes.

Aliás, também é possível ver que os tratamentos convencionais — como as placas miorrelaxantes — muitas vezes são suficientes para aliviar os sintomas. Isso, principalmente, quando há dor muscular envolvida.

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Nesse contexto, o Botox deixou de ser apenas uma ferramenta estética e ganhou espaço como recurso terapêutico, especialmente quando falamos em disfunções musculares e articulares da região orofacial. Mas afinal, será que ele funciona mesmo? Quando indicar? E o que diz a ciência sobre o assunto?

Vamos conversar sobre isso de forma clara, direta e com aquele olhar clínico que só quem vive a odontologia no dia a dia entende.

O que é bruxismo, afinal?

Bruxismo é uma atividade muscular involuntária dos músculos da mastigação. O paciente pode apertar ou ranger os dentes, muitas vezes sem nem perceber. A repetição desse movimento, com o tempo, leva a um desgaste progressivo das estruturas dentárias e, o que talvez pese mais na queixa do paciente, a dor na face e na cabeça.

O bruxismo não é uma doença isolada, mas um comportamento multifatorial. Fatores emocionais (como estresse e ansiedade), neurológicos, distúrbios do sono e até questões respiratórias podem estar envolvidos. Por isso, o diagnóstico não é sempre simples e o tratamento raramente é único.

Tipos de bruxismo: diurno e noturno

É importante diferenciar os dois principais tipos de bruxismo, pois eles se manifestam de formas distintas e podem exigir abordagens diferentes.

Bruxismo do sono (noturno)

O paciente range ou aperta os dentes durante o sono, de forma inconsciente. É um tipo de movimento involuntário e repetitivo que pode ocorrer com intensidade variada. Em muitos casos, o parceiro é quem percebe e relata os ruídos.

O bruxismo noturno costuma estar associado a distúrbios como apneia do sono, refluxo gastroesofágico e distúrbios neurológicos.

Bruxismo em vigília (diurno)

Aperto dos dentes durante o dia, geralmente em momentos de estresse, tensão ou concentração. É mais comum em pessoas que exercem atividades intensas mentalmente — advogados, médicos, profissionais de TI, por exemplo. Nesse tipo de bruxismo, o paciente tende a relatar dores musculares persistentes e sensação de tensão facial.

Ambos os tipos causam impactos funcionais e estruturais, como fraturas dentárias, retrações gengivais, alterações na ATM e dores orofaciais.
Principais sintomas do bruxismo

Geralmente, nos consultórios, os pacientes chegam com relatos variados. Nem sempre mencionam “bruxismo”, mas descrevem sinais e sintomas que acendem nosso alerta clínico. Os mais comuns são:

  • Dor ao acordar na mandíbula ou nas têmporas;
  • Estalos e ruídos na articulação temporomandibular;
  • Dificuldade para abrir a boca completamente;
  • Sensação de dente “amolecido” ou dor ao mastigar;
  • Dentes desgastados, com trincas ou fraturas;
  • Cefaleias frequentes, geralmente tensionais.

Muitos pacientes não sabem que têm bruxismo. Às vezes, são os sinais clínicos — como facetas de desgaste ou retrações atípicas — que entregam o diagnóstico.

A aplicação de Botox é eficaz para o bruxismo?

Sim, e com ótimos resultados quando bem indicada.

A toxina botulínica tipo A age bloqueando a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, o que reduz a contração do músculo. Isso não significa paralisia completa — mas sim um relaxamento controlado e localizado. No caso do bruxismo, a aplicação é feita nos músculos masseter e temporal, responsáveis pela força da mastigação.

Com a aplicação do Botox, conseguimos aliviar a tensão e a hiperatividade muscular, reduzindo a frequência e a intensidade dos episódios de bruxismo. O paciente tende a relatar melhora na dor, diminuição da rigidez e até redução nas cefaleias associadas.

O efeito começa a ser notado entre 3 e 7 dias após a aplicação, com pico em 14 dias. A duração média é de 4 a 6 meses, dependendo do metabolismo do paciente e da gravidade do quadro.

Importante: o Botox trata os sintomas musculares. Não elimina o bruxismo em si. Por isso, deve ser usado em conjunto com outras estratégias — como placa miorrelaxante, fisioterapia orofacial, psicoterapia e, se necessário, tratamento medicamentoso.

Botox funciona para ATM?

Funciona, sim — principalmente nos casos de disfunção da ATM com componente muscular. Pacientes com dor na articulação, travamentos recorrentes ou limitação de abertura bucal costumam se beneficiar bastante da aplicação.

Ao relaxar os músculos que sobrecarregam a articulação, conseguimos dar “fôlego” para que o sistema se reequilibre. Em quadros mais severos, pode-se aplicar também no músculo pterigoideo medial, sempre com cautela e conhecimento anatômico preciso.

O Botox, nesse caso, atua como coadjuvante na reabilitação funcional. Ele melhora o conforto e permite que outras terapias (como placas e exercícios de abertura) sejam mais eficazes.

Qual a melhor toxina para bruxismo?

No Brasil, temos quatro toxinas botulínicas tipo A aprovadas pela Anvisa:

  • Botox (Allergan)
  • Dysport (Ipsen)
  • Xeomin (Merz)
  • Botulift (Blau)

Todas são eficazes e seguras, com pequenas diferenças em relação à difusão, tempo de ação e custo. O mais importante é dominar a reconstituição, diluição e a técnica de aplicação para cada uma.

Para bruxismo, a dosagem média inicial gira em torno de 25 a 30 unidades por lado no masseter e 10 a 15 unidades no temporal, podendo ser ajustada conforme a resposta do paciente.

É seguro aplicar Botox com dentista?

Sim — desde que o dentista tenha capacitação adequada e siga os protocolos técnicos. O uso de toxina botulínica por cirurgiões-dentistas é autorizado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) e regulamentado para fins terapêuticos e estéticos.

O conhecimento anatômico que temos como dentistas é um grande diferencial. Sabemos exatamente onde estão os músculos envolvidos na mastigação, como acessá-los e como preservar a função.

Claro, é fundamental estar preparado para manejar intercorrências, como assimetrias, dor pós-aplicação ou pequenas equimoses. Mas, seguindo as boas práticas, é um procedimento seguro e com alto índice de satisfação do paciente.

Qual remédio é bom para bruxismo?

O tratamento medicamentoso do bruxismo deve ser sempre individualizado, mas algumas classes são frequentemente utilizadas:

  • Relaxantes musculares (como ciclobenzaprina): bons para crises agudas de dor;
  • Ansiolíticos (como clonazepam): úteis em casos de bruxismo com forte componente de ansiedade;
  • Antidepressivos tricíclicos (como amitriptilina): indicados em quadros crônicos e associados a dor neuropática;
  • Analgésicos simples (paracetamol, dipirona): para dores leves.

Vale reforçar: medicamentos ajudam, mas não resolvem a causa do bruxismo. Precisam ser usados com cautela, preferencialmente com acompanhamento médico ou psiquiátrico.

Conclusão: o Botox é uma ferramenta — e tanto

A toxina botulínica vem se consolidando como um recurso terapêutico importante no tratamento do bruxismo. Ela oferece alívio rápido e eficaz para os sintomas musculares e melhora significativamente a qualidade de vida de muitos pacientes.

Para nós, dentistas, é uma oportunidade de ampliar o escopo do cuidado, oferecendo um tratamento mais completo, personalizado e centrado no bem-estar do paciente.

Se ainda não faz parte da sua rotina clínica, vale a pena estudar, se capacitar e começar a oferecer essa solução. Porque cuidar da saúde bucal é também cuidar da saúde geral — e isso inclui aliviar a dor, melhorar o sono e devolver o sorriso (sem tensão) ao seu paciente.

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